domingo, 8 de junho de 2008

Ultrapassagens

Às vezes a felicidade do próximo nos ultrapassa. Chegamos ao maracanã emocionados e apreensivos. Cada sinal era um presságio. Bom ou mau, nunca se sabe. A mesma camisa, o mesmo tênis, tentamos passar pelos mesmos lugares.
O Boca é um colosso mitológico de vitórias. Nós? Bem, nós temos tradição. Mas nossa história recente de más administrações jogou a paixão na série c. Viramos leite de saquinho no meio das caixas de longa vida do futebol marqueteiro de hoje.
Não havia de ser nada. A hora não era de lembrar de tragédias recentes. Melhor afastar o medo de tragédias presentes com o sonho de glórias futuras. E foi o que aqueles mais de 80 mil tricolores fizeram naquela noite.
Jogamos nada, jogamos tudo. Estivemos perdidos, encontramos saída. A facada de Palermo feriu quase todos. Quase. No silêncio dolorido ouço uma voz tão conhecida que chega a causar surpresa: é meu filho entoando um grito de guerra, de resistência e de fé. Logo são milhares iguais . O time entende e reage à altura da paixão que vem de dentro. Trituramos o Boca com dentes de alho e sangue.
Vejo minha mulher chorando. Logo ela, que nem ligava para futebol. Isso deve ter algo a ver com amor e, por via das dúvidas, resolvo amá-la mais ainda.
Detonamos um mito mas isso ainda não é suficiente. Um time de três letrinhas do pequeno Equador quer tomar nosso lugar nessa história. Temos que ir em frente e vencer essa sigla que joga bola.

Saudações tricolores.